sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Lugar-comum

Na noite de quinta-feira, três jogos complementaram a rodada. Apesar de cada partida ter sua história – independente e diferente -, houve algo em comum: a dificuldade dos mandantes em vencer seus jogos. Dois dos mandantes (Cruzeiro e São Paulo) tiveram os jogos teoricamente fáceis, daqueles para golear e ficar de bem com a torcida. Doce ilusão. O que se viu foi algo muito diferente disso. Isso, claro, se deve, também, ao incontestável equilibro deste Brasileirão, em especial. Para se ter idéia, hoje, cinco times tem chances REAIS de levar o caneco tão sonhado, mesmo que só restem nove rodadas para o fim da competição. Todavia, infelizmente, prefiro ver por um lado mais cético. Esse equilíbrio se deve, tão-somente, pela mediocridade geral das equipes tupiniquins. E isso não é de hoje. Estou longe de ser daqueles conservadores que viram Jairzinho, Garrincha, Pelé, Zico, Paulo César Caju, Gérson, Didi etc. Até porque não tive a honra de vê-los jogar. Tenho apenas 21 anos. Não vi nada mais do que flashes de partidas destes. Entretanto, mesmo com a minha pouca idade, me lembro de um futebol, não tão longínquo, de qualidade. O São Caetano, vice-campeão da Copa João Havelange, há oito anos. Lembro que tinha prazer de ver aquele emergente time jogar – cheguei a ir ver Vasco x São Caetano, mas não a final -, um toque de bola envolvente, pouquíssimos erros de passe etc. E não era preciso ter um Gérson no meio-campo para proporcionar aquela vistosidade. O grande nome daquela equipe – que tinha como forte o conjunto – era Ademar. Enfim, fiquemos só nesse exemplo que me ocorreu agora. De uns anos pra cá, o que se vê bem diferente. Pixotadas mil, jogadores que não fazem jus ao termo “profissional” que tanto se orgulham de proferir aos quatro cantos, erros de passes cada vez maiores; equipes que se preocupam, antes de tudo, em destruir; enaltecimento de atletas que, em nome da raça, rifam a bola para onde o nariz estiver apontado etc. Uma verdadeira lástima.


Botafogo 3x1 Vitória – No Rio, enfim o Botafogo (6º/43 pts.) de Ney Franco voltou a vencer. No sufoco, diga-se. A facilidade, teoricamente – porque para botafoguense “facilidade” é um termo inexistente em seu dicionário -, só se deu depois da expulsão esdrúxula de Anderson Martins, aos 25, depois de dar uma pixotada naquele que já gosta de cair, Wellington Paulista. Entretanto, não é de hoje que o alvinegro carioca apresenta dificuldades mesmo quando tem a superioridade numérica. Para ficar num exemplo mais recente, podemos citar o clássico Vovô, onde o Fluminense teve Thiago Silva expulso, injustamente!, aos 16 do primeiro tempo e, ainda assim, não conseguiu matar o jogo. No final, sofreu mais o empate. Diria que o Botafogo não sabe jogar em vantagem numérica, haja vista a pouca inteligência com que jogava, abusando de lançamentos longos quando qualquer um sabe que, uma vez em vantagem, deve-se priorizar o passe até que se ache o companheiro livre.
O Vitória (8º/43 pts.) começou o jogo arrasador e abriu o placar, logo aos seis depois de belo contra-ataque e boa trama, para Willians completar: 1 a 0. E, com essa mesma qualidade de passes e enfiadas, o Vitória certamente daria trabalho para o Botafogo até o fim, quiçá sairia do Engenhão com grande vitória. Os espaços dados eram muitos e muito bem aproveitados pelo time baiano. O inoperante Gil (E) viria a entrar na equipe alvinegra ainda - no lugar de Alessandro - para na segunda etapa ser preterido, novamente. Com a substituição, Túlio preencheu a direita e deu o passe, aos 36, para o “tanque” Zárate completar com estilo, de cabeça. Pelo pouco que vi, é nítido que Zárate será mais útil ao Botafogo que os demais “atacantes”; o que, convenhamos, não é tanta coisa. Pode ser que ele seja mais do que isso. Aguardemos. Só aos 20 da etapa complementar a equipe mandante viraria, com Lucio Flavio, em belo gol. André Luís, aos 26, fechou a conta. Com sustos até o fim, claro.

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São Paulo 1x0 Náutico - A exemplo do Botafogo, o São Paulo (4º/52 pts.) não teve vida fácil para vencer o ameaçadíssimo Náutico (15º/30 pts.), no Morumbi. Depois de ter sido ameaçado (e ameaçado também, é verdade) durante boa parte do jogo, o São Paulo achou um gol, no fim. Só aos 37, Hernanes (detalhe) garantiu os três, “importantíssimos”, pontos. O futebol praticado (ou não) é mero detalhe. O importante, claro, são os pontos. Dito por seu treinador, Muricy Ramalho. Treinador esse que, no ano passado, conquistou hexa campeonato pelo mesmo São Paulo, vencendo boa parte dos seus jogos pelo objetivo e mínimo placar: 1 a 0. Quando o técnico, autoridade máxima do elenco, acha satisfatório vencer - mesmo aos trancos e barrancos - qualquer adversário, fica muito difícil mudar. O perfeccionismo é utópico, infelizmente.


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Cruzeiro 1x0 Ipatinga – A equipe celeste também suou para vencer o penúltimo colocado, Ipatinga (19º/27 pts.), no Mineirão. Aos 12, o Tigre quase abriu o placar. A bola bateu categoricamente na trave e, Deus sabe como, voltou às mãos de Fábio. No entanto, aos 27 após bate-rebate na área, Ramires aproveitou e fez o chorado gol. Entre os “habitantes” do G4, o Cruzeiro (3º/52 pts.), salvo engano, é o que mais tempo ficou ali, ou seja, o mais regular. O menos pior. A escolher.


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O curioso é que os torcedores clubísticos não se importam se o futebol é bem praticado, vistoso ou algo do tipo. Em contrapartida, não adotam o mesmo critério com a seleção nacional. Paradoxal, não?

2 comentário(s):

Saulo disse...

Primeiramente, muito bom o seu blog.
Sobre os jogos de quinta-feira, o Cruzeiro e o São Paulo não fizeram um bom jogo, mas conseguiram os três pontos e isso, que é o mais importante.
O meu foguinho voltou a vencer e interrompeu uma seqüência de quatro partidas sem vencer. Temos que ganhar do Santos na próxima rodada para seguir sonhando com uma vaga na Libertadores.
Valeu e até mais.

Jogo Aberto disse...

Hoje a torcida do FLA vai lotar o Maracanã.70 mil.
tomara que seja um gradne jogão.