Cômoda camuflagem

É (muito) comum (até demais) - soa como pleonasmo, mas nesse caso é imprescindível que assim seja – presenciarmos o sofrido torcedor do Botafogo reclamando dos erros dos árbitros, de bandeirinhas, de confederações ou mesmo da disposição estrelar desfavorável. No clássico de ontem, por exemplo, houve um pênalti, de fato, não marcado para o Botafogo, a exatos 27 segundos de partida (veja no vídeo). O Flamengo, aos 30 do segundo tempo, teve um assinalado a seu favor. Igualmente incontestável – é bom que se diga. Houve pênalti nos dois casos? Sem a menor dúvida. Todavia, esse clássico, antes mesmo de começar, já era cercado de desconfiança - dos dois lados – pela não aceitação da CBF em conceber o clássico no Estádio Olímpico João Havelange, sobretudo pela escolha do árbitro da fatídica decisão da Taça Guanabara deste ano, Marcelo de Lima Henrique. O que, certamente, contribuiu para que o “choro” pós-jogo de ontem tomasse aquelas proporções. Fosse o árbitro outro qualquer, não se enganem!, teríamos também as reclamações habituais, mas em tom menor de acusação. Todavia, tais lamúrias (vazias) não se sustentam sob contexto nenhum. Servem, tão-somente, para camuflar uma incompetência visível e recorrente da própria equipe; o que, convenhamos, é muito mais fácil de fazer do que admitir que errou ao contratar X, Y ou Z. Ou ainda que determinada declaração foi feita de forma e em meio inoportunos. Isso sem citar os salários (tanto de jogadores como de funcionários) atrasados.

Um exemplo prático: se competentes fossem, abririam 3 a 0 – vale lembrar que no primeiro tempo o time do Ney Franco teve o domínio, ao menos territorial, da partida. E aí? Como “roubar”?

É importante, portanto, que os comandantes do clube (lê-se: presidente, dirigentes – que sejam PROFISSIONAIS, obrigatoriamente – e técnico), aproveitando o ano de eleições, onde será escolhido Maurício Assumpção como novo presidente para o próximo triênio, se desvencilhem completamente dessa pecha para que seja instaurada uma nova e gloriosa (como é a belíssima história do clube) era no mais que centenário Botafogo de Futebol e Regatas. Ainda que um de seus mascotes seja um cachorro, é de suma importância que o alvinegro carioca abra mão desse cômodo “complexo de vira-lata”. Há uma bela oportunidade para tal. Resta saber se será aproveitada ou pior: se se quer aproveitar.

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